Lemos: Crônicas da Tormenta (Parte 1)

Depois de um mês (peço perdão pelo vacilo) que falei sobre as minhas primeiras impressões do livro Crônicas da Tormenta, enfim terminei a leitura e cá estou para dizer as minhas impressões finais. Porém, para esta resenha não ficar demasiada grande, a dividirei em duas partes (sendo que a parte dois ficará para semana que vem). Enfim, sem mais delongas, vamos ao que interessa!

Seguindo de onde parei, falarei sobre o quinto conto do livro: Canção Para Duas Vozes, escrito por Ana Cristina Rodrigues. A história narra a jornada Victor de Rochefoucauld (um dos mais conhecidos bardos de Arton) à Tormenta. A princípio o bardo se pergunta inúmeras vezes o porquê de estar se aproximando da tempestade rubra, entretanto, ele sempre soubera a resposta (que é um dos grandes desejos de muitos humanos, mas aqui não tem spoiler). No caminho ele conhece uma elfa barda chamada Crisobel, que também está indo à Tormenta para escrever uma canção, com o intuito de se tornar uma trovadora respeitada.

A forma como Ana Cristina descreve os personagens é excelente. Sua escrita me fez criar afeição por eles quase que instantaneamente (mesmo eu tendo algumas ressalvas ao estilo do Victor). Ela também constrói muito bem a relação entre os protagonistas, mas o conto não se resume a isso, a história como um todo é ótima. E o final, bem, eu esperava aquilo, mas não queria acreditar, hahaha.

O conto seguinte é Revés, escrito por Douglas MCT. Nesse nos são apresentados dois moradores de Wynlla, o reino da magia em Arton: Mona e Fidelis, seu gato de estimação. Alternando entre sonho e realidade, vemos as faces da vida de Mona. Até que em um certo dia ela encontra um local misterioso e faz um novo amigo.

Douglas tem um estilo de narrativa muito interessante: impacta, confunde e se eu ler este conto novamente, tenho certeza que terei outras conclusões. Sua história traz um ar de mistério do início ao fim e ainda ilustra a violência e o lúdico sob a ótica infantil de Mona. Confesso que não fui muito fã do desfecho da história, mas ainda assim, um bom conto.

Seguindo, temos O Perfil do Escorpião, escrito por Rogerio Saladino. Aqui conhecemos Abdullah, o guerreiro do deserto, que é contratado por um mercador para ser guia de sua caravana até a Pedra do Escorpião. Contudo, mesmo o guerreiro conhecendo muito bem o deserto, não consegue evitar os perigos do mesmo.

Quem conhece o trabalho do Saladino sabe da qualidade de sua escrita, ou seja, o conto não decepciona. A leitura me prendeu completamente e foi fantástico ver como as situações ocorriam. Fora que ao ler a história, minha imaginação construiu os personagens e cenários com clareza. O final também foi espetacular e deixou uma imensa curiosidade do que aconteceu depois.

Adiante, o livro nos traz o conto Lua de Trevas, escrito por Leandro Radrak. Este conto narrado em primeira pessoa se passa na taberna Cabeça de Peixe. Certo dia, o narrador embriagado, que ali passava os dias, conversa com um homem ferido que relata uma caçada ao assassino da Lua de Trevas.

Radrak traz uma narrativa muito interessante: começa com um tom pesado do narrador que já desistiu da vida; passa pelo humor ao tratar dos bêbados e da ganância do taberneiro Jonas; e por fim, os detalhes das ações na caçada ao assassino. Outra coisa que a escrita dele me trouxe, foi como toda aquela situação ali na taberna, me lembrou os botecos da vida.

Fechando essa parte da resenha, falarei do conto Hedryl, escrito por Raphael Draccon. A história conta a trajetória de um paladino de Hedryl, deus da justiça. Após um ataque goblinoide, o paladino renasce e em nome da justiça e/ou vingança, reúne um grupo de escravos para uma missão suicida.

Gostei muito dos recursos descritivos que Draccon esbanja durante a sua narrativa. Os detalhes do renascimento do paladino logo no início do conto, já anunciam o que está por vir. Tais recursos ajudaram a minha imaginação construir todo aquele cenário de honra e guerra, simplesmente fantástico!

Crônicas da Tormenta manteve seu nível de qualidade no decorrer dos contos. Semana que vem eu retorno para falar dos últimos cinco que restam, e também para dar o meu veredito final. Enquanto isso, você pode adquirir a versão física ou a versão digital do livro.